Cancro Duro

O cancro duro é uma das manifestações mais conhecidas da sífilis, uma infecção sexualmente transmissível (IST) causada pela bactéria Treponema pallidum. Essa lesão ulcerada e indolor surge no local de contato inicial com a bactéria e marca o estágio primário da doença. Apesar de desaparecer espontaneamente, o cancro duro não significa cura e, sem tratamento, a sífilis pode evoluir para estágios mais graves.

O que é

O cancro duro é a lesão característica da sífilis primária. Trata-se de uma úlcera indolor, com bordas bem definidas e fundo endurecido, que aparece geralmente na região genital, mas pode surgir em outras áreas do corpo expostas à infecção.

Essa lesão representa o primeiro sinal da infecção e desaparece espontaneamente em algumas semanas, o que pode levar a uma falsa impressão de cura. No entanto, sem tratamento adequado, a sífilis evolui para estágios mais graves, podendo comprometer diversos órgãos e sistemas do corpo.

Agente

O causador do cancro duro é a bactéria Treponema pallidum, um espiroqueta altamente infeccioso. Esse microrganismo é transmitido principalmente por contato sexual desprotegido e possui grande capacidade de disseminação pelo corpo humano.

A bactéria penetra a pele ou mucosas por meio de pequenas fissuras ou microlesões, atingindo a corrente sanguínea e se espalhando pelo organismo. Sem um tratamento adequado, a infecção evolui para estágios mais avançados da sífilis, podendo levar a complicações severas.

Sintomas

Os principais sintomas associados ao cancro duro incluem:

• Úlcera indolor no local de entrada da bactéria (geralmente nos genitais, ânus ou boca);
• Borda elevada e endurecida, bem delimitada;
• Ausência de secreção purulenta;
• Aparecimento entre 10 a 90 dias após o contato com a bactéria;
• Desaparecimento espontâneo após 3 a 6 semanas, sem deixar cicatriz.

Além da úlcera, pode haver aumento dos linfonodos próximos à região afetada, especialmente na virilha, sem dor aparente.

Tratamentos

O tratamento do cancro duro e da sífilis como um todo é baseado no uso de antibióticos, sendo a penicilina benzatina a principal escolha. O protocolo de tratamento varia de acordo com o estágio da doença:

• Sífilis primária (cancro duro presente): 2,4 milhões de unidades de penicilina benzatina em dose única intramuscular;
• Pacientes alérgicos à penicilina: alternativas incluem doxiciclina ou azitromicina, conforme recomendação médica.

O tratamento precoce impede a progressão da doença para estágios mais avançados e reduz o risco de transmissão para outras pessoas.

Prevenção

A melhor forma de evitar o cancro duro e a sífilis é através da adoção de medidas preventivas, tais como:

• Uso correto e consistente de preservativos em todas as relações sexuais;
• Evitar múltiplos parceiros sexuais sem proteção adequada;
• Testes regulares para ISTs, principalmente para pessoas com vida sexual ativa;
• Acompanhamento médico regular para diagnóstico precoce e tratamento imediato;
• Educação sexual para conscientização sobre a importância da prevenção.

O rastreamento regular de ISTs é essencial, especialmente para grupos de maior risco, como profissionais do sexo e pessoas com múltiplos parceiros.

Complicações e Consequências

Caso não seja tratado adequadamente, o cancro duro desaparece, mas a infecção continua no organismo, evoluindo para estágios mais graves da sífilis. As possíveis complicações incluem:

• Sífilis secundária: erupções cutâneas, febre, dores musculares e fadiga;
• Sífilis terciária: pode afetar órgãos como coração e cérebro, levando a complicações severas;
• Neurosífilis: comprometimento do sistema nervoso central, causando demência, paralisia e outras condições neurológicas;
• Sífilis congênita: transmissão da doença da mãe para o bebê, podendo causar malformações congênitas e até óbito fetal.

O tratamento precoce impede essas complicações e evita sequelas irreversíveis.

Transmissão

A transmissão do cancro duro ocorre por contato direto com as lesões ulceradas, principalmente por meio de relações sexuais desprotegidas. As principais formas de transmissão incluem:

• Sexo vaginal, anal ou oral sem preservativo;
• Contato com secreções infectadas;
• Transmissão vertical (de mãe para filho) durante a gestação ou parto;
• Compartilhamento de objetos íntimos contaminados (caso raro).

É importante destacar que a sífilis não se transmite pelo uso compartilhado de talheres, assentos sanitários, beijos ou contato casual.

Período de Incubação

O período de incubação do cancro duro varia de 10 a 90 dias, com uma média de 21 dias. Esse é o tempo necessário para que a bactéria se multiplique e cause a úlcera característica da sífilis primária.

Durante esse período, a pessoa infectada pode não apresentar sintomas visíveis, mas já pode transmitir a infecção para outras pessoas. Isso reforça a importância dos testes regulares para ISTs, principalmente em casos de exposição a parceiros desconhecidos ou sem proteção adequada.

Diagnóstico

O diagnóstico do cancro duro e da sífilis é feito por meio de exames clínicos e laboratoriais. Os principais métodos incluem:

• Exame clínico: avaliação visual da lesão genital pelo médico;
• Testes sorológicos:
  • VDRL e RPR: exames para detecção de anticorpos contra a Treponema pallidum;
  • FTA-ABS e TPHA: testes confirmatórios mais específicos;
• Exame direto em microscopia de campo escuro: detecção da bactéria na lesão;
• PCR (Reação em Cadeia da Polimerase): método altamente sensível para identificar o DNA da bactéria.

O diagnóstico precoce permite o início imediato do tratamento, evitando complicações futuras e a transmissão para outras pessoas.

O cancro duro, apesar de ser uma manifestação inicial da sífilis, exige atenção e tratamento imediato para impedir a progressão da infecção. O conhecimento sobre essa condição e a adoção de medidas preventivas são essenciais para evitar a propagação da doença e preservar a saúde sexual. A realização de exames regulares e a busca por assistência médica ao menor sinal de sintomas são passos fundamentais para o controle da sífilis e de outras ISTs.